O julgamento do ex-soldado da Polícia Militar do Maranhão, Francisco Ribeiro dos Santos Filho, acusado de matar o cabo Samuel de Sousa Borges, de 30 anos, na zona Leste de Teresina no dia 1º de fevereiro de 2019, teve início nesta quarta-feira, 28 de setembro.
Francisco Ribeiro dos Santos Filho começou a ser julgado nesta quarta-feira (Foto: Reprodução)
Depois de ser adiado quatro vezes, o julgamento é conduzido pelo juiz Antônio do Reis Nollêto, da 1ª Vara do Tribunal Popular do Júri, no Fórum de Teresina.
Familiares e amigos estão presentes na frente do Fórum pedindo justiça pelo caso. O pai da vítima, José Borges, pediu pena máxima para o acusado. “Queremos pena máxima. Hoje o filho dele tem 13 anos, até convidei ele para vir para cá, mas ele queria ficar em casa mesmo. O que acontece é que ficou uma família prejudicada, muito prejudicada, a pessoa fica desestimulada em muitas coisas na vida. Hoje eu tenho que assumir o papel de pai dele para cuidar, dar toda assistência porque ele precisa dessa companhia. A gente está fazendo o máximo que pode para tentar recuperar um pouco do que o pai dele seria”, declarou.
“Meu filho sempre foi aquele filho muito presente, todo dia passava na minha casa quando ia para o trabalho, quando chegava, chegava sempre brincando, alegre, sorridente, sempre foi amoroso com a família, preocupado com todo mundo da família e amigos, sempre ajudava”, completou José Borges.
Pai do cabo Samuel Borges pede pena máxima para o acusado (Foto: Matheus Oliveira)
O advogado do ex-soldado da Polícia Militar do Maranhão, Francisco Ribeiro dos Santos, Francisco Filho, declarou que seu cliente agiu em legítima defesa. A posição é sustentada pela família do ex-PM que também realiza uma manifestação na frente do Fórum de Teresina.
“O Ministério Público sustenta o homicídio doloso qualificado do que foi conduzido nos autos. Só que o que de fato ocorreu nesse fatídico dia nada mais foi do que uma legítima defesa que exerceu o servidor público policial Francisco Ribeiro, a forma como ele foi perseguido, ele foi agredido moralmente e inclusive até tentado contra sua vida naquele dia. Foi empunhado arma contra ele, foi tentado tirar a todo momento a atenção dele para que hoje a pessoa que se diz vítima achar que poderia agir da forma que queria”, declarou a Defesa do PM.
O promotor do Ministério Público, Márcio Carcará, afirmou que o acusado é uma pessoa fria e um assassino covarde. “O Ministério Público trabalha com as provas que foram produzidas em sede de inquérito policial e desde o início sustenta que o acusado Francisco Filho matou o cabo PM Samuel Borges na frente do seu filho por motivo fútil sem dar chance de defesa da vítima e hoje ele será julgado por esse homicídio qualificado e o Ministério Público sustentará essa pretensão diante do conselho de sentença”, disse.
“Um vídeo produzido pela própria vítima no contexto da prática delitiva aponta a ausência dos elementos que são essenciais a legítima defesa, o que nós temos é um acusado frio, um assassino covarde que ceifou a vida de um policial honrado na frente do seu filho em uma avenida movimentada na capital”, finalizou o promotor acrescentando que serão cinco testemunhas do Ministério Público e cinco da defesa.
O CRIME
O cabo da Polícia Militar do Piauí, Samuel de Sousa Borges, 30 anos, levou três tiros e morreu durante uma discussão com Francisco Ribeiro, no dia 1º de fevereiro de 2019. O caso aconteceu no cruzamento das ruas Cândido Ferraz com Verbenas, bairro Joquei Clube, em Teresina. Os dois estavam em motocicletas sem placas.
Samuel Borges estava indo deixar o filho na escola quando teve início uma discussão. O garoto estava na garupa. Em vídeos que circularam nas redes sociais na época do crime, seria possível ouvir a voz de uma criança informando que perdeu o pai.
A polícia buscou imagens de câmeras de segurança para ajudar nas investigações. A vítima já trabalhou na vice-governadoria do Estado do Piauí e atualmente estava lotada na Cavalaria da Polícia Militar.
Testemunhas disseram que o filho do policial piauiense ainda pediu para que Francisco não atirasse no seu pai.
O PM Francisco Ribeiro foi espancado por pessoas que presenciaram o crime e preso pela PM em seguida. Em depoimento, o acusado declarou à polícia que o motivo do crime teria sido uma discussão sobre o trânsito, mas a versão foi descartada durante a investigação. Ele foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil.
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