Blog do Ari
Como o futebol goza de merecido período de férias, após rotina quase diária de jogos ao longo do ano, convenhamos que nos é permitido derivar para assuntos gerais, e ainda com foco na coisa chamada jornalismo, que na edição anterior foi priorizado o enfoque sobre transformações no segmento cronista esportivo, em alusão à data deles no oito de dezembro.
A rigor, com a propagação da Internet, a chamada imprensa oficial foi colocada em xeque incontáveis vezes, quer pela omissão, quer pelo alinhamento unilateral de fatos.
Embora a Internet seja pejorativamente chamada de ‘terra de ninguém’, nem por isso requer regulação ou censura prévia, até porque há maneiras para se distinguir o mau feito.
Problema é que a chamada imprensa oficial parece cumprir aviso prévio, tal o desinteresse para mergulhar em pautas sugestivas, de interesse geral.
O que se vê cotidianamente na mídia, mais especificamente através da televisão, é um espaço exagerado para noticiar repetidas ocorrências policiais, com mudança basicamente de CEP: ora aqui, ora acolá, mas conteúdo bem semelhante.
CELULARES
De certo você já não se sensibiliza quando repetidamente mostram flagrantes de celulares roubados.
Também pudera: um dia um político no topo da pirâmide do segmento veio a público relativizar roubo de celular.
Pode isso, Arnaldo?
Evidente que casos de feminicídios têm que ser repudiados e combatidos severamente pelas autoridades judiciais, mas, com repetição contínua, já não são impactantes como outrora.
Isso indica que emissoras de televisão não deveriam fazer deles autênticas novelas, com capítulos sequenciais na busca de fixar atenção de telespectadores.
PAUTAS
Infelizmente o jornalismo está pobre de pautas por razões diversas, e confesso que preferiria citar apenas formação sem a devida qualificação da nova geração, mas o problema vai além disso.
Outrora, ao transitar livremente pela cidade e fazendo valer o faro pela informação, o profissional era identificado como ‘repórter de rua’, com descoberta de pautas aparentemente simplistas, mas de interesse geral.
Infelizmente o ordenamento político ideológico de proprietários de veículos de comunicação quebrou aquela máxima que em jornalismo tem-se que ouvir igualitariamente os dois lados.
DANDO QUE SE RECEBE
Pessoas com sensibilidade flagram que certas supostas pautas são abortadas, e não me façam estender sobre os devidos motivos.
Simplificando: esse ‘aborto’ me faz lembrar frase imortal cunhada pelo então deputado Roberto Cardoso Alves em 1988, quando disse em alto e bom tom que ‘é dando que se recebe’, transformada em símbolo do fisiologismo.
Entendeu?
Isso pra não me estender em tantas outras pautas, como cidade esburacada e autoridades municipais preocupadas com repavimentações de avenidas quase intactas, procedimento que, no frigir dos ovos, ganha mais visibilidade ao desavisado munícipe.
E para não encompridar ainda mais o texto, só mais essa da deformação verbal de frase provocada até por apresentadores de televisão, que ignoram o formato do verbo no imperativo – quando dirigem a palavra a terceiros – e fazem uso de presente do indicativo.
Portanto, que janeiro chegue logo e possamos voltar ao nosso mundinho do futebol, feito de emoções e decepções.